14 de março de 2010

Ensaio Sobre a Cegueira


Há uns 5 anos atrás eu estava com um amigo em minha casa e ele tinha consigo um livro, 'Ensaio Sobre a Cegueira', ao perguntar sobre o livro ele me disse: 'não vou te dizer, leia as primeiras duas páginas e me diga o que você acha!', e após ler eu disse:'vou comprar amanhã, preciso ler esse livro!. Começava ali minha adoração por todos os livros de José Saramago!

Esta obra, de José Saramago, faz uma intensa crítica aos valores da sociedade, e ao que acontece quando um dos sentidos vitais falta à população.

A cegueira começa num único homem, durante a sua rotina habitual. Quando está sentado no sinal de trânsito, este homem tem um ataque de cegueira, e é aí, com as pessoas que correm em seu socorro que uma cadeia sucessiva de cegueira se forma… Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, alastra-se rapidamente em forma de epidemia. O governo decide agir, e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano. A força da epidemia não diminui com as atitudes tomadas pelo governo e depressa o mundo se torna cego, onde apenas uma mulher, misteriosa e secretamente manterá a sua visão, enfrentando todos os horrores que serão causados, presenciando visualmente todos os sentimentos que se desenrolam na obra: poder, obediencia, ganância, carinho, desejo, vergonha; dominadores, dominados, subjugadores e subjulgados. Nesta quarentena esses sentimentos se irão desenvolver sob diversas formas: lutas entre grupos pela pouca comida disponibilizada, compaixão pelos doentes e os mais necessitados, como idosos ou crianças, embaraço por atitudes que antes nunca seriam cometidas, atos de violência e abuso sexual, mortes,…

Saramago mostra, através desta obra intensiva e sofrida, as reações do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono. Leva-nos também a refletir sobre a moral, costumes, ética e preconceito através dos olhos da personagem principal, a mulher do médico, que se depara ao longo da narrativa com situações inadmissíveis; mata para se preservar e aos demais, depara-se com a morte de maneiras bizarras, como cadáveres espalhados pelas ruas, incêndios e todos os tipos de desgraças trazidas por tal situação!

José Saramago disse à imprensa: 'Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso.'

É simplesmente o melhor livro que li em toda a minha vida e indico sempre a todos os amigos e só faltava postar essa sugestão aqui. Vai na minha e leia 'ensaio'
urgente! Se você for preguiçoso, pode assistir ao filme mas eu, como sempre, prefiro o livro!

Não podia deixar de falar sobre o autor que uma das maiores autoridades em literatura do nosso planeta.
José de Sousa Saramago nasceu em Azinhaga em 16 de Novembro de 1922, é um escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português.
Foi premiado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Tiremos nosso chapéu por esse homem!

Até nosso próximo post!

Willy Barcellos!

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