29 de junho de 2010

Um Olhar Do Paraíso: imperfeitamente lindo


Nas locadoras este mês, Um Olhar Do Paraíso é a minha dica para quem não conferiu a produção ainda.

Quando assisti ao seu trailer na internet ano passado, a produção me chamou muito a atenção. Ainda mais sabendo que era dirigido pelo premiado diretor da trilogia O Senhor Dos Anés, Peter Jackson. Criei (como de costume) muitas espectativas, e fui correndo conferí-lo assim que estreou aqui no início do ano depois de ter sido por vezes adiado. E apesar de alguns problemas, Um Olhar Do Paraíso é no mínimo interessante.

Adapatação do romance de Alice Sebold, o nome da obra no original (inclusive do filme em inglês) é The Lovely Bones, que numa tradução clara seria "Os Restos Angelicais", se referindo ao que acontece com a menina protagonista da história que, após se brutalmente assassinada, passa a observar do seu céu (um pré-paraíso na verdade) as consequências de sua morte sobre sua família e as frustradas tentativas da procura pelo assassino.


Com esse enredo bem interressante, e com um diretor visionário no comando, Um Olhar
tinha tudo para se sai perfeitamente bem. O elenco em nada me incomodou: Mark Walberg como pai da menina ficou ideal, sem ser dramático demais, evitando excessos. Gostei de Rachel Weisz como mãe da gorata, sendo bem convincente com a situação. Lamentável é o pouco aproveitamento da personagem da ótima Susan Sarandon como a vó; Susan quando entra em cena, erradia vida em tão poucos minutos. Stanley Tucci, como o Sr. Harvey, me impressionou com uma ótima atuação, que a propósito lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar como ator coadjuvante. Muitos reclamaram que ele estava caricato demasiado, mas indiscutivelmente este é o estílo de Jackson onde, em seus filmes, gosta de personificar bem a representação do mal. Agora, o maior mérito do longa fica por conta da acertada escolha de Saoirse Ronan, que faz a protagonista. Ela
consegue carregar o filme (quando este falha) com seu olhar (lindos a propósito), com o seu jeito de "menina que quer sair da adolescência e ir atrás dos seus sonhos", e convence muito bem quando sua personagem entra na parte sombrio do filme, quando ela se mostra injustiçada, tendo sua vida interrompida. ja foi indicada aos 13 anos ao oscar por Desejo e Reparação, merecia uma por este, mas...

As imperfeições do filme incomodam um pouco, mas não tiram a boa experiência que um
drama como este proporciona. É claro que "poderia ter sido melhor", como por exemplo o final que ficou "Ghost" demais, a própria direção de Peter Jackson que por vezes deixa o ritmo do filme em desarmonia, entre outras coisas. Mas vale ressaltar que o diretor acerta em não ter transformado o filme em um dramalhão pesaroso como fora Amor Além da Vida (lembram?), em ter feito um filme que contraste a dor, a perda com a suavidade do visual que cerca os personagens (o céu está maravilhoso), ultilizando-o como parte importante da trama também.

Um Olhar Paraíso, apesar de algumas características, não pode ser classificado como um "filme espírita"; acho isso um acerto também. O roteiro (assim como no livro) foi sensível em deixar de fora questões religiosas para que todos, de diversas crenças, pudessem absorver a história também. Cada um interprete segundo a sua fé. Por uma cena, Um Olhar já valeria a conferida; e foi esta cena que me fez clássificá-lo como
um filme 4 estrelas. A cena é o momento onde Susie no céu e seu pai, no quarto de sua casa observando uma vela, sentem a presença um do outro, se comunicam sem a utilização de palavras. Essa interação entre os personagens, mesmo ambos em espaços tão difentes e distantes é que fazem deste filme uma obra imperfeitamente linda, comovente e interessante.
Marcus Lyra


Um comentário:

  1. To realmente sem palavras pra descrever a qualidade de seu texto, desde já creio ser o seu melhor, até hoje não havia lido nada tão verdadeiro sobre este filme, que só pode ser admirado por pessoas de sensibilidade forte, e percebe-se que esse é o seu caso.

    Agora falando um pouco do filme, Peter se perde um pouco na direção, dificil classificá-lo, sabe? Mas no todo e principalmente quem já teve uma perda sabe bem como é normal passar os processos de aceitação a morte, no caso, mai sgrave ainda pela forma como ocorreu...

    Vale lembrar que sua estreia foi com o livro desse filme né?

    Marcão estou muito feliz por ver sua evolução e dizer que este post o coloca no patamar do Rubens!!! PARABENS, eu simplesmente adorei!!!!

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