10 de agosto de 2010

O Bem Amado

Olá, e ai, tudo na mais perfeita? Espero que sim! É com grande satisfação que trago pra nossa conversa o Brasileiríssimo "O Bem Amado" baseado na obra de Dias Gomes (grande escritor, romancista, novelista), que em 1973 foi adaptada para a TV Globo, sendo a primeira novela em cores, mais tarde Odorico, principal personagem da obra ressuscitaria no primeiro episódio, da então série, que esteve no ar de 1980 a 1984, agora chegado o ano 2010 eis que surge Paula Lavigne produzindo e Guel Arraes dirigindo as peripécias do Prefeito de Sucupira, invadindo as telonas, com uma sacada nova, nesta versão existe uma ligação entre Odorico e cenário politico nacional da época.

Bom, contando a história de Odorico Paraguaçu (Marco Nanini), que no enterro do último Prefeito percebe que para enterrá-lo é preciso ir para outra cidade, é quando surge sua principal promessa de campanha, criar um cemitério municipal, e com essa plataforma e apoio das Irmãs Cajazeiras (Zezé Polessa, Drica Moraes e Andréa Beltrão) é eleito nos braços do povo, derrotado nas eleições Vladimir (Tonico Pereira) dono do jornal da cidade vira o principal opositor de Odorico, que em seu mandato na Prefeitura será assessorado por Dirceu Borboleta (Matheus Nachtergaele), só tem um probleminha, o cemitério fica pronto, só que ninguém morre, e sua promessa não pode ser cumprida, Odorico então chama Zeca Diabo pra resolver tal situação.

Trinta e sete anos após sua produção para TV "O Bem Amado", toma as telonas nacionais com uma divertidíssima, leve e atual história, quem diria que depois de tantos anos a Política nacional continuaria com os mesmos mecanismos apontados na década de 70, Odorico assistencialista e populista como só ele, vejam bem estou falando de Odorico, qualquer semelhança com a "politicância" atual terá sido mera coincidência. Com um roteiro preciso, os diálogos são deliciosamente desconstruídos pela audácia do Prefeito em florear as palavras criando uma espécie de Odoriquês, rs, parecendo um trava língua, por vezes, a sintonia era tão grande entre os atores que mais parecia um repente de tão bem colocado, posso dizer que isso converge de três fontes, uma excelente direção, um ótimo roteiro e um elenco espetacular, o resultado não poderia ser diferente.

Vale ressaltar o trabalho do mestre Nanini, na pele do Sr. Prefeito, um trabalho memorável, principalmente por estar no ar como o "certinho" Lineu, de A grande Família, é bom ver suas multi facetas em personagem que explore exatamente o oposto do que ele interpreta no seriado, seguidos de Andréa, Zezé e Drica que completam com Nanini as cenas de maior carga cômica do filme, confesso que em determinados momentos tive de segurar a gargalhada pra não atrapalhar a sessão, sinceramente não lembro de um filme que tenha me feito rir tanto, apenas com cenas e tiradas divertidas, sem utilizar de recursos escatológicos, físicos e até mesmo palhaçadas e piadinhas infames, não, "O Bem Amado" não perde o foco e segue uma suave linha de qualidade, inclusive em sua trilha sonora de muito bom gosto e sua fotografia extremamente colorida, trazendo humor inclusive para os figurinos.

Quero aqui também avisar aos que viram a série e também a novela que desconstruam toda sua referência e vá assistir um filme com tudo novo, baseado numa obra muito famosa, difícil de esquecer, mas, se forem ao cinema esperando Nanini imitar Gracindo irão se decepcionar, são obras distintas, tenho total certeza que Dias Gomes está muito feliz com esta homenagem que está sendo prestada.

Por tudo aqui apresentado, classifico com 5 estrelas, e deixo o meu pesar aos fãs de cinema do mundo que dificilmente irão gozar do prazer de ver este filme, não consigo imaginar uma tradução dos diálogos apresentados, que são genuinamente brasileiros, criados dentro de nossa realidade.

Fica ae a dica, ainda dá tempo, corra ao cinema mais próximo, em tempos de eleição não poderia haver opção melhor.

Wagner Robert

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