19 de dezembro de 2010

Enterrado Vivo


No mundo cinema-entretenimento de hoje é "pregado" que cinema que funciona é aquele que traz um super-orçamento em sua base e um markenting poderoso em sua cobertura, ainda que não tenha nada de história pra contar. Essa equação hollywoodiana provou neste ano ser falha, já que em 2010 a maior indústria cinematográfica amargou inúmeros fracassos de bilheteria (Príncipe da Pérsia, O Aprendiz de Feiticeiro, Robin Hood, etc.). Filmes que, segundo eles, tinham tudo para dar certo, como um estrondodoso orçamento, ótima (e até apelativa) campanha publicitária, rostos bonitinhos estampando a produção e tudo o mais, contudo, a falta de criatividade, de conteúdo, de roteiro decente de muitas delas tem levado o público a se entediar. Hollywood achou que sua fórmula de sucesso seria sempre certeira, mas 2010 revelou o contrário.

Bom, tudo isso falei para chegar onde queria chegar: Enterrado Vivo (Buried). O enredo do filme gira entorno de um só personagem, Paul Conroy (Ryan Reynolds), um caminhoneiro americano que acorda enterrado vivo com nada além de um isqueiro, um celular com metade da bateria e poucos minutos de oxigênio. Sem saber como, onde ou porque está ali, ele deve correr contra o tempo para tentar sobreviver. Pronto. Com esta premissa se resume o longa. Sem revelar mais detalhes, os quais vão sendo sugeridos (e não lançados prontos como é de costume), basta dizer que Enterrado é a prova que cinema ainda sim pode ser realizado com uma boa idéia e uma câmera na mão. O filme se passa todo (todo mesmo!) em um único e apertado espaço, um caixão, e em nemhum momento ele fica tedioso, repetitivo ou cansativo. Rodrigo Cortés nos revela uma direção criativa num espaço que poderia tê-lo limitado. Tendo como único protagonista o personagem de Reynolds, o thriller em nenhum momento passa sensação de desgaste, ele te prende do início ao fim da trama.


Fico feliz em saber que ainda existem aqueles que preferem ousar. Cortés poderia ter se utilizado de tantos recursos e manobras para fazer de Enterrado Vivo uma produção mais comercial, alá Hollywood. Mas exatamente a falta de recursos é que faz deste trabalho algo interessantemente original. Quero destacar a atuação do próprio protagonista. Ryan Reynolds tem talento! acredito que deve ter sido uma experiência marcante pra ele ter ficado deitado em um caixão durante horas (ou dias) de filmagens, tendo que interagir tão somente com um celular e, é claro, com a câmera. Enterrado Vivo é cinema vivo (perdão pelo trocadilho) e criativo. Que Hollywood aprenda lições com essa pérola!

Fica a minha dica.

Marcus Lyra

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